Esta semana tive oportunidade de “parar, sair do ambiente e “corre-corre” habitual de responsabilidades e solicitações, ouvir e conhecer pessoas e inspirações novas”.
É um “luxo” a que nos devíamos permitir mais vezes…
A par do que ouvi e fez todo o sentido: o quão importante é “voltar a estudar” ser uma boa prática que se deve manter “para a vida” – porque nos expomos não só a valiosas fontes de conhecimento, como também ao valor incomensurável que resulta das partilhas entre pessoas e profissionais.
Este (luxo) de conseguirmos ser mais “donos do nosso tempo” e, nesse registo, conseguindo ter presente a clarividência e sabedoria de atribuir a mesma importância e valor aos dias, manhãs, tardes, duas horas que sejam,
Em que o compromisso de agenda seja mesmo o de sair da rotina do dia-a-dia, confiar que o “mundo continuará a girar” mesmo que tenhamos de colocar um “out of office” temporário, para “ir”, refletir, ser desafiado a “desarrumar” as nossas ideias e conceitos, ouvir pessoas e partilhas que nos inspirem,
Tem como resultado o conseguirmos manter bem “alimentado e nutrido” esse caminho de continuarmos a evoluir enquanto Profissionais (e Pessoas).
O tema da conferência que constituiu o momento de “imersão” fora do habitual contexto de trabalho versava sobre Liderança Feminina. E “ligou” muito bem com o que tinha sido já um pouco da minha reflexão pessoal a respeito do Dia Internacional da Mulher.
Acredito mesmo que é ainda muito importante continuar a dar “tempo e espaço” para que se reflita especificamente sobre o tema das Mulheres enquanto Líderes. Aliás, sobre as Mulheres no mercado de trabalho.
Simplesmente porque há ainda caminho a percorrer até ao “mundo ideal” em que se possa garantir uma relação de equidade profissional entre Mulheres e Homens.
Mas também acredito que,
Uma vez estabelecida como variável inegociável e inquestionável quanto ao infinito valor e potencial dessa equidade,
O caminho que permitirá potenciar um resultado maior do que uma “simples soma de partes”, será o de Mulheres e Homens poderem,
Sem condicionamentos, preconceitos ou necessidades que levam a que sejam assumidos papéis e representações como forma e estratégia de se alcançar essa crítica equidade,
Serem e manifestarem a sua identidade própria em contexto profissional, sem que nem as Mulheres, nem os Homens tenham de abdicar do que são as suas características próprias e intrínsecas e que, a cada um (Mulher, Homem e Ser Humano), nos conferem um valor que é o nosso (“e de mais ninguém…”).
E não quero com isto dizer que se tenham de aceitar estereótipos “culturais, educacionais, transgeracionais, históricos,…” como verdades absolutas, inquestionáveis e incontornáveis e que “ditem” que as Mulheres sejam mais vocacionadas para determinadas áreas, funções e responsabilidades profissionais e os Homens para outras.
Quero, sim, dizer que entendo que o mais importante é que cada um de nós – independentemente de sermos Mulher ou Homem – tenha presente, desde tenra idade e “para a vida toda”, o quão importante é (auto)conhecer-se, no que é a sua identidade própria, os seus dons, talentos e aspirações, mas também os seus condicionamentos e crenças que podem ter diversas origens e em momentos bem distintos do nosso crescimento e experiências pessoais (e profissionais).
Porque é a partir de um razoável nível de auto-conhecimento (que se vai sempre “aperfeiçoando” e estando em constante evolução, ou não fossemos nós Seres Humanos),
A par de irmos mantendo presente a necessidade de auto-questionamento quanto ao que “faz sentido para mim no que se refere à minha carreira profissional” e não só quanto,
– À “posição que ocupo ou pretendo vir a desempenhar”,
– Ao nível de responsabilidade que assumo ou pretendo vir a assumir”,
– Ao pacote salarial que entendo ser uma “justa contrapartida para o valor que aporto, assim, como para o custo de oportunidade de alocação do meu tempo pessoal a diversas possibilidades alternativas” (incluindo no que se entenda relevante fazer parte desse pacote salarial e que, nos dias que correm, vai já além da componente monetária),
Que conseguimos ir mantendo presente quem Somos, naquela que é a nossa identidade própria, livre de “papéis, representações e condicionamentos” e, a partir desse “lugar esclarecido”, avaliarmos o que nos faz sentido “hoje”, para garantir uma realização e satisfação profissional alinhada com a Pessoa que somos.
De pouco ou nada serve – se a “meta” for uma realização profissional alinhada com o mantermo-nos fiéis à nossa identidade – sermos “bem-sucedidos” na função e cargo profissional que desempenhamos, se tiver implícito um preço a pagar de, por exemplo, termos de demonstrar e provar que é “igual” aquela função e cargo serem desempenhados por uma Mulher ou por um Homem.
Claro que havendo resultados e metas a atingir implícitos à função e cargo profissional, pretender-se-á que os mesmos sejam atingidos, independentemente de serem (a função e cargo) desempenhada por uma Mulher ou por um Homem.
Mas o “caminho para lá chegar” poderá revestir-se de diferentes “formas, tons e cores” consoante seja trilhado por uma Mulher ou por um Homem. E sem que tenha de ser “melhor ou pior”. Simplesmente sendo diferente, assim como será necessariamente diferente quando comparado o que seria entre a Mulher A ou a Mulher B a percorrê-lo, ou entre o Homem A ou o Homem B.
Isto porque se cada um de nós tiver a ousadia – e vulnerabilidade – de se apresentar na “arena profissional” livre de máscaras, papéis e condicionamentos, sendo simplesmente quem É, na sua identidade única, trilhará o caminho deixando presentes impressões digitais que serão únicas.
A minha reflexão e experiência pessoal tem-me devolvido que tudo se torna mais simples quando deixamos de pensar que “temos que nos chegar mais à frente”, “fazer-nos ouvir mais”, “sermos vistas e ouvidas”, “ousarmos e arriscarmos mais”.
Não que tudo isto não possa fazer todo o sentido, designadamente para as Mulheres.
Mas porque entendo que o “mais simples” vem, normalmente, como “prémio” de “atuarmos a partir de um lugar esclarecido quanto a quem Somos, quanto ao que livremente queremos e não queremos, quanto ao que nos faz sentido, a partir de um lugar em que nos mantenhamos fiéis à nossa essência”.
Já que, se o que nos fizer sentido for tudo aquilo, com mais ou menos luta, resistência e uma boa dose de resiliência, acredito que sempre encontraremos o “caminho certo” para lá chegar. Mas aquele que seja o nosso caminho e sem termos de “pagar o preço” de nos perdermos daquela que é a nossa identidade (enquanto Pessoas e Mulheres).