Breve reflexão de “início de ano” (com janeiro já a voar, apesar de ser apelidado do “mês mais longo do ano”…).
Num (fantástico) evento de empresa em que tive oportunidade de participar antes do final do ano, dei por mim a revisitar o meu percurso profissional e a projetar o(s) potencial(ais) futuro(s), depois de assistir a justas e tão admiráveis homenagens de “jubileus profissionais”.
Comecei a trabalhar já no século passado, sim, no ano da fantástica “safra de 1999” dos licenciados em Economia da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (para os mais novos, no tempo em que as licenciaturas se concluíam com 5 anos). E tive a “sorte e engenho” de ser uma das afortunadas que, mesmo antes de terminar a licenciatura, já tinha um plano para a minha “estreia profissional”.
Foram quase 13 anos de uma grande viagem no que (sei que já o referi, mas não me canso de o repetir) foi uma das melhoras escolas para o início da minha formação profissional (e Pessoal em contexto profissional).
Mas a dada altura houve uma parte de mim que me dizia ter curiosidade e vontade de “conhecer mais mundo”, no caso tendo por significado uma vontade de experienciar o lado dos clientes que assessorava, porque me comecei a sentir “incompleta” no conhecimento (prático) que detinha, designadamente quanto aos “porquês de boas ideias e recomendações no papel” nem sempre chegarem a “ver a luz do dia”.
E foi quando decidi aceitar o desafio profissional que se seguiu: e que grande mudança!
Deixei de estar exclusivamente num ambiente que, à data, era ainda muito caracterizado por profissionais com um mindset (académico e profissional) muito similar.
E passei a desempenhar uma função que implicava, entre outras coisas: ter como linha de reporte direto um engenheiro (foi uma grande aprendizagem prática a respeito de como tendemos a “ver e abordar racionalmente” os temas de forma diferente: nem melhor, nem pior, mas diferente) e a minha área estar integrada numa direção de “logística” (internacional, verdade, mas não deixando de ter bem marcado o mindset de logística, também bem distinto do que tinha conhecido até então).
Outra grande viagem, com muitas novas aprendizagens, com (novas) competências e conhecimentos profissionais apreendidos e desenvolvidos (incluindo alguns soft skills até então não tão necessários “praticar”) e que durou 10 anos.
E que lá surgiu de novo a “vozinha” a dizer-me que estaria “cumprida a minha missão” por ali e aquela vontade de continuar a explorar, para poder continuar a sentir estar a “acrescentar, acrescentar-me e a evoluir”.
E eis-me, desde 2022, num novo contexto profissional, diferente em muitos sentidos dos anteriores e que, também por isso, deu resposta ao que eu procurava ao decidir mudar:
- Vim conhecer uma realidade de negócio diferente (e com muito “sentido e propósito” em algo que para mim também é importante sentir, mesmo em contexto profissional: que estamos a contribuir para dar resposta a grandes desafios e necessidades humanas e mundiais);
- Voltando a um contexto multinacional (o que também caracterizou a minha primeira experiência profissional) mas agora encontrando-me do lado do negócio (e não do consultor externo);
- Tendo a oportunidade de trabalhar, quotidianamente, com colegas espalhados por diversos países (quando iniciei esta nova viagem, o meu dia-a-dia era passado a comunicar em inglês, espanhol e português) e, assim, conhecer novas culturas, mindsets e contextos;
- E, volvidos já quase 3 anos, muitos foram já os desafios e oportunidades de desenvolvimento vivenciados, incluindo na presença quotidiana de oportunidades que me devolvem aquela questão que me tem acompanhado quase como que uma “banda sonora”: que exemplo tens conseguido dar e o que tens conseguido transmitir (desde logo em termos humanos) às pessoas da(s) equipa(s) que lideras?
E toda esta cronologia para concluir que,
Mesmo que anteveja um sentir de vontade de me manter ativa, profissionalmente, ainda por muitos e longos anos (e não limitando esse número pelo que seja a idade de reforma de que possa vir a beneficiar…),
E que essa atividade continue a fazer sentido (no que tenho para acrescentar e no sentir que continuo a tornar-me numa melhor versão da profissional e pessoa que sou) ser desenvolvida no meu atual contexto profissional,
Será já pouco provável que possa ainda vir a ser uma das homenageadas por um jubileu profissional (25 anos “de casa”).
No meu caso, a “fórmula do emprego para a vida” – enquadramento muito comum e generalizado ainda na geração dos meus pais – não fez sentido, mas porque,
Para me poder ir tornando na profissional que fui constatando ser a que mais me realizaria,
As experiências e vivências em vários contextos profissionais foram essenciais,
Tendo-se essa essa necessidade manifestado também, de forma muito clara e vincada, nas duas licenciaturas que acabei por tirar e pela decisão de embarcar numa outra grande aventura que foi a admissão à Ordem dos Advogados, já um pouco “fora do tempo e percurso normais”.
Mas para tantos outros profissionais, pode ser um caminho com grande sentido, seja porque tal se alinha com as “intenções e aspirações” pessoais e profissionais individuais, seja porque, mesmo perante necessidades de evolução e mudança, as mesmas se alinham com o que o contexto profissional do momento em que as mesmas são sentidas tem para oferecer (e, felizmente, tantas são as empresas já com este foco bem ativo e presente!).
Portanto, tudo “certo”, desde que alinhado com a Pessoa e Profissional que nos faça sentido Sermos em cada momento.
Porque, também em termos profissionais, dificilmente há fórmulas universais para garantir um ingrediente que, pelo menos para mim, é chave para o sucesso:
O sentirmo-nos alinhados nos diversos papéis que, enquanto seres humanos, somos chamados a desempenhar (desde logo porque existe congruência entre o que “quero Ser e Fazer” e o “para o que quero contribuir” e “com quê”?),
E que a nossa “identidade” (desde logo a nossa coluna vertebral de valores pessoais) não tem de ser “deixada à porta” quando ativamos o nosso modo “profissional”.
Feliz (e bem alinhado) 2025!