Para hoje uma partilha que poderá espelhar uma realidade bem comum e presente nos mais variados contextos profissionais.

Seja porque vivemos num mundo em que tudo acontece – ou é suposto acontecer – de forma rápida e, sempre que possível, “automatizada”,

Seja porque nem sempre estão reunidas as condições para que se consiga processar de forma igualmente eficiente, mas com mais tempo de “preparação, maturação e concretização”.

Tentar ir a todas, “fazer uma perninha aqui e outra ali”, invariavelmente dar resposta ao que possa ser, pelo menos aparentemente, mais rápido e urgente, na expetativa de que,

Depois de tudo o mais premente “despachado”,

Vá então haver tempo para pensar e dedicar ao que, numa perspetiva estratégica e de valor acrescentado, mais se possa justificar ser o foco da nossa atenção e ação,

Pode tornar-se uma “armadilha” e num círculo vicioso que, facilmente, nos poderá manter “iludidos” durante semanas, meses, senão mesmo anos…

E a “má notícia” é que nos pode fazer passar mais tempo do que o necessário e recomendável a atuar a partir de um modo de “respostas táticas”,

Mais definidas pelo “contexto atual” e implícitos e não raros constrangimentos,

E menos “alimentadas” pelo que “deveria ou poderia ser”.

Eu própria, e já com tantos anos de experiências e vivências, ainda me vou confrontando com este dilema:

  • O de saber que se fizer eu, ou se intervir eu, conseguirei rapidamente desbloquear ou deixar encaminhado, achando que posso, adicionalmente, libertar tempo à equipa que, assim, se poderá focar no tanto que já tenha em mãos,
  • Em confronto com o não me desviar do meu foco que poderia/deveria ser mais estratégico.

Faz já algum tempo (para não dizer que parece já ter sido noutra vida…) que, estudando música – algo que fiz, em paralelo com os estudos do secundário, ainda hoje sem saber bem como foi possível conciliar tudo…,

E sempre com o “bichinho” de aprender, explorar e expandir horizontes,

Resolvi estudar, não um instrumento, mas vários desde guitarra clássica, a flauta transversal, práticas de teclado que faziam obrigatoriamente parte do currículo, até ao violino que foi o instrumento cujos estudos ao nível do 8.º grau lá acabei por concluir.

E ainda recordo bem como, nesse tempo, andava sempre a “correr” para tentar conciliar tudo, até que fui forçada a concluir que, se quisesse levar algo “até ao fim” e com um desempenho que me permitisse sentir alinhada com os meus padrões de qualidade e performance, teria que tomar opções e deixar de atuar em modo “mulher dos sete instrumentos”.

Assim é, também, para quem,

Não deixando de estar “no terreno”, no “palco das operações”, a assistir de forma muito próxima ao que está a acontecer, às necessidades do momento e ao que, se feito, pode permitir aumentar eficiência e/ou mitigar riscos,

Pode acabar por correr o risco de não “resistir” a intervir e contribuir com o que, com o conhecimento e experiência de que se dispõe, se consegue “facilmente” identificar como solução.

Tanto mais que, numa larga maioria de casos, essa intervenção no terreno permite ter acesso a informação valiosíssima na identificação de potenciais origens de problemas, de ineficiências e, também, do que possa estar em falta para que se possa, estruturalmente, fazer melhor.

Mas é preciso saber manter o equilíbrio entre o identificar o que justifica, de facto, que “paremos e tentemos resolver no plano tático”, em confronto com o “não parar e seguir”, para garantir a disponibilidade de tempo, mental e foco para:

  • A definição de metas mais estratégicas,
  • A identificação e prossecução de projetos que permitam gerar maior valor acrescentado e quebrar ciclos de “sempre se fez assim” que, invariavelmente, se repetem no contexto das organizações, numa maioria das vezes por falta de quem pare para pensar no que poderia ser, em alternativa, detendo os conhecimentos mínimos e suficientes também do “terreno”,
  • A garantia de que, não só o nosso tempo, como também o das nossas equipas, se aloca de uma forma que mais valor potencialmente acrescente, quer à organização, quer aos próprios colaboradores.

De facto, esse equilíbrio é essencial para que sejamos capazes de identificar o que é mais premente, e focar no que resulte numa mais eficiente e eficaz alocação do nosso tempo e dos nossos recursos que, mesmo no “mais perfeito dos contextos”, acabarão sempre por se revelar escassos perante as inúmeras possibilidades de alocação alternativas.

Tanto mais que, precisamente, quanto mais maiores e, até, mais diversificados, forem os nossos conhecimentos e experiência, mais “difícil” se torna não identificar o que se possa fazer “mais e melhor”.

Que consigamos mais vezes quebrar os “pilotos automáticos”, sendo capazes de “nos elevar do terreno, observando-o” para definir metas, rotas e pontos de validação no mapa, que nos permitam ir trilhando caminhos que, estrategicamente, definimos e cujos resultados sentimos poder, efetivamente influenciar.

E, assim, podermos também orientar e guiar melhor as nossas equipas quanto ao que, em cada momento, faça mais sentido executar e quanto ao “como executar”,  contribuindo para um resultado final que resulte bem superior a uma “mera soma de partes”, porque se potenciam as condições para uma contínua criação de valor e melhoria.

 

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