E eis que, num ápice, chega um novo ano. E com 2024, mais um ano em que, se não estivermos atentos e focados, poderá ser outro ano a “passar a voar”.
Por isso, e mesmo correndo o risco de me repetir, sinto que nunca será demais começar o ano a relembrar que temos sempre duas opções:
- A de nos “deixarmos ir ao sabor das ondas, ventos e marés”, com escolhas menos conscientes e livres e, assim, em menor alinhamento potencial com o que “queremos ou não queremos”,
- Ou a de, uma vez definidas a(s) nossa(s) rota(s) para o ano, nos mantermos no comando do(s) nosso(s) destino(s).
Mas para a segunda opção é preciso saber ir parando sempre que necessário, criando as condições que nos permitam ir (re)avaliando o que queremos e não queremos “agora”, em função de “quem somos hoje”, do “caminho percorrido até aqui” e do que sentimos que nos “faria sorrir e vibrar”.
Sim…Eu sei que a muitos poderá (ainda) parecer “estranho” aliar a decisões da esfera mais “profissional”, critérios que não sejam integralmente racionais e lógicos, até porque poderemos ter bem “gravadas no subconsciente máximas como “primeiro a responsabilidade e depois a diversão” e “no pain no gain”, como as que mais nos dignificam e nos colocam “no caminho certo e seguro”,
Havendo tempo “mais tarde” (conceito muitas vezes indefinido no “quando” e, por vezes, apenas legitimado num longínquo e incerto “quando me reformar”) para, finalmente, com “todas as responsabilidades cumpridas e metas alcançadas”, termos então a liberdade de “fazermos e sermos o que e quem”, verdadeiramente, nos faça querer “saltar da cama todos os dias com um sorriso nos lábios, aquele de quem quer aproveitar cada segundo e todas as oportunidades de um novo dia”.
Está tudo certo, sempre, desde que cada opção que tomamos seja a mais consciente e alinhada possível com quem somos, com os nossos valores, com o que é importante para nós, com a nossa identidade,
E que não acabemos a “culpar o mundo, os outros, a organização onde estamos, as chefias,…” por eventuais frustrações sentidas, por nos sentirmos forçados a representar papéis, a fazer algo com que não concordamos ou que, simplesmente, decidiríamos fazer de uma forma diferente, por não evoluirmos, por não nos serem dadas oportunidades, por não fazermos aquilo de que mais gostamos,…
Claro que não há contextos perfeitos, nem nós sabemos sempre exatamente o que queremos (sempre mais fácil irmos discernindo o que “não queremos” ou o que, se pudéssemos, dispensaríamos, em resultado do que já experienciámos).
Até porque, sendo humanos (e não máquinas), é normal estarmos em constante evolução e ser, até, muito natural que, o que nos fazia sentido “ontem”, “hoje” já não faça, pelo menos da mesma forma.
Mas quem é que disse que temos que manter a vida em suspenso, enquanto “corremos o programa” do que um dia “alguém nos possa ter dito ou exemplificado” ser o “suposto” para termos sucesso e sermos felizes , mesmo que até já nem saibamos exatamente quem, até para podermos avaliar a legitimidade e crédito?
Se pensarmos bem, conceitos como sucesso e felicidade têm diferentes sentidos e significados de pessoa para pessoa. Serão até muito permeáveis a diferentes definições e concretizações, consoante a história pessoal de cada um e o que cada um consiga, consciente e verdadeiramente, definir, quantificar, justificar necessitar “ter” e/ou “ser” na vida para se sentir “bem-sucedido”.
Decididamente não há fórmulas universais que “sirvam a todos” da mesma forma e na exata medida, mesmo que, no contexto de vida em sociedade e em organizações laborais, seja mais fácil e, até, necessário, em certa medida, garantir um “mínimo denominador comum” para alinhamento entre todos, precisamente para criar condições de que todos – os indivíduos e as organizações – atinjam os objetivos comuns.
Eu acredito que os objetivos e metas coletivos se atingem, verdadeiramente e, até, potenciando mais valor para o coletivo e para os indivíduos que o compõem, quando cada um está “no sítio certo”, a contribuir com o que é seu e único, sentindo-se alinhado e, implicitamente reconhecido, por aquilo que está a fazer, com as pessoas com quem está a interagir, com os princípios, valores e missão da organização em que estejam integrados.
Claro que tal implica, designadamente,
- Estruturas de recursos humanos, assim como competências e ferramentas, adequadas e bem dimensionadas no contexto das organizações,
- Responsáveis de equipas e organizações que, mesmo não sendo perfeitos nem “sabendo tudo” (é que a perfeição não existe e, se pensarmos bem, os líderes que mais inspiram em potencial são aqueles que mostram que também erram e que têm necessidade – criando espaço – para ouvir os outros para, também, poderem continuar a crescer e evoluir), sejam verdadeiros líderes, inspirando à tentativa e erro (em vez da, mesmo se por vezes errada perceção, de que “tens que acertar tudo e à primeira”), e a manter viva a busca pela realização pessoal como ingrediente chave da realização profissional, assim como à preservação da “identidade pessoal” de cada elemento da equipa como condição para potenciar a criação do valor que resulte do debate, partilha e construção através de diferentes perspetivas, dons, qualificações, experiências e visões.
Mas a busca pela realização pessoal, alinhamento com propósito, intenções, sentidos, dons e gostos apenas pode dar-se com a ação e contributo ativo de um “ator essencial e insubstituível”: o próprio – o visado e o primeiro interessado.
Pois, afinal, quem melhor do que cada um poderá saber, avaliar, descobrir, definir o que “quer e não quer”, do que o próprio indivíduo,
Mesmo se com a ajuda e ferramentas adequadas que, no contexto de organizações que já tenham, de facto e na prática, “as pessoas no centro da sua atenção”, poderão ser também disponibilizadas pelas próprias organizações, por saberem que só assim se poderá alcançar o melhor resultado de todos: o “win” para o indivíduo e, necessariamente, o “win” também para a organização, se estiver focada em resultados sustentados e estruturais.
Que 2024 possa ser o ano das escolhas, decisões e opções mais conscientes e alinhadas para cada um, assim se garantindo esse “ingrediente chave” para que possa resultar num ano em que predomine o alinhamento com o que nos faça sorrir,
Com cada um de nós a ser o instrumento certo, no naipe certo, a contribuir para grandes concertos em grande sintonia.