Para hoje uma publicação menos técnica mas, creio, adaptada ao que muitos poderão estar a sentir em possível semana de regresso ao dia-a-dia do contexto e responsabilidades profissionais, depois de um período de férias.
Sendo um sentimento mais ou menos generalizado e transversal a muitas profissões e contextos empresariais, quem trabalha em comércio internacional e, de forma ainda mais premente, no “palco das operações” – i.e., onde seja necessário “fazer acontecer” a circulação internacional de bens de forma célere e, em simultâneo observando as regras de compliance e potenciando a eficiência aduaneira e tributária,
Confrontar-se-á não raras vezes com o sentir-se o “malabarista com várias bolas nas mãos” – algumas por si identificadas como “úteis e necessárias”, outras que lhe vêm parar às mãos sem “escolha nem aviso prévio” – a tentar mantê-las todas a girar no ar, sem deixar cair nenhuma.
Bem sabemos que, não raras vezes, algumas das “bolas” que nos vêm parar às mãos, de forma não planeada, seriam evitáveis com o devido planeamento e consulta atempada dos especialistas.
Mas sabemos também que,
Apesar do caminho que se vai percorrendo no sentido de aumentar o nível de conhecimento e sensibilidade de todos quantos, tomando decisões quer a um nível mais estratégico, quer mesmo já a um nível mais operacional, geram “implicações aduaneiras e fiscais” conexas com fluxos internacionais de bens,
As situações de “emergência” suscitadas quer porque,
- Não houve antes tempo para planear e consultar ou, mesmo, porque tendo sido feito o trabalho de casa em devido tempo,
- Houve variáveis da “situação factual” que, ou não foram ponderadas – porque não conhecidas – ou se alteraram,
Vão acabar sempre por ocorrer, a par do que poderá ser também ainda um problema mais ou menos “crónico” de insuficiência de recursos e/ou de recursos suficientes em número, mas não em competências e conhecimentos.
E nesse contexto, valendo também como conselho e recordatório para quem esteja a regressar de férias, é sempre bom relembrar alguns dos fatores chave que tornam um malabarista bom no seu ofício:
- Gostar daquilo que faz
- Continuar a “estudar e praticar” mantendo a designada (e tão útil) “mente de principiante”, aprendendo novas técnicas e/ou revalidando que as que utiliza ainda são as que potenciam os resultados pretendidos
- Manter a concentração e o foco nas “bolas” que tem nas mãos e, mesmo essas, perceber que se tiver que deixar cair alguma para poder manter as restantes a girar e no ar, ter a humildade (diria até que, enorme sensatez) de não tentar “ir a todas”.
Mesmo os malabaristas bem ágeis, treinados e habilitados para serem rápidos, eficientes, imaginativos e proficientes, têm os seus limites de “capacidade e potência”, simplesmente porque são humanos e é suposto que o que têm para dar venha de uma “mente focada, dedicada e com espaço para pensar e criar”.
Sendo esses também quem, por vezes, até mais depressa se esquecem de que,
”Tentar ir a todas e resolver tudo”, na expetativa de que, depois de resolver o máximo em modo tático, logo virão condições para iniciar abordagens mais estruturadas para que, algum dia no tempo, a “casa fique arrumada” e se possam “fazer girar apenas as bolas necessárias e com sentido”,
Raramente conduz ao resultado desejado.
Tende, sim, a perpetuar os problemas e/ou lacunas pré-existentes e, acima de tudo, um estado de espírito ainda comum no regresso ao trabalho após um período de “desligar do estado malabarista”: a famosa “depressão pós-férias” e o ansiar pelo “fim de semana”.
Bom regresso de férias a quem esteja a regressar!
Para quem, como eu, ainda não teve a oportunidade de “desligar” durante um período mais longo, que mantenhamos o “foco, boa forma e entusiasmo” que só têm uma fonte possível: fazermos aquilo de que gostamos e, sempre que possível, por opção.