Um dos maiores desafios que se coloca aos “consultores” nas/das empresas é o de conseguirem conciliar o que possa ser – em países e contextos nos quais não se verifique ainda um devido reconhecimento da complexidade, criticidade, relevância da vertente aduaneiras e das diversas áreas de conhecimento implícitas,

Será o de terem no seu âmbito de responsabilidades tanto as vertentes de governance e estratégicas, como a operacional (aquela de manter o “dia a dia a rolar”).

E porquê? Porque alguém com um perfil de “consultor”, tem no seu “ADN” algumas características base que, por muito que por vezes até se pudesse revelar “útil” colocar temporariamente em  “modo off”, estão lá e não se podem “apagar ou anestesiar”.

E apenas para referir algumas:

  • Curiosidade intelectual: seja por conhecer bem os factos antes de opinar, seja pela procura ativa e constante do conhecimento que permita identificar a resposta mais adequada;
  • Dificuldade em perceber, aceitar justificações quanto ao “porque é que se faz desta forma” que se baseiem num “porque sempre se fez assim”, e em perpetuar processos e procedimentos cujo sentido e utilidade não se compreendam;
  • Foco numa melhoria contínua de eficiência, gestão de riscos de compliance, de processos e procedimentos,…;
  • Dificuldade em “dar o jeitinho” mesmo quando pudesse adiantar uma solução tática que permitira desbloquear algo, quando se tem a noção clara quanto ao que é âmbito próprio de responsabilidades (porque ligado ao conhecimento e competências de que se dispõe), e dos inerentes limites e fronteiras, de onde resulta,
  • Uma normal capacidade de identificar que outras áreas se revela necessário envolver perante uma determinada situação ou, como é muito comum, já perante um problema urgente.

Tudo características e competências que são essenciais para a vertente mais estratégica de uma função aduaneira/de comércio internacional.

Mas que podem tornar-se focos de “dor” porque implicam que, mesmo na gestão do dia a dia, os “radares estejam ligados” e seja praticamente impossível não ir colecionando e aumentando a lista de temas a abordar quando houver tempo, podendo esse tempo e demais condições necessárias tardar em proporcionar-se.

Além de que se a equipa “de terreno” for a mesma para as vertentes estratégicas e operacionais, as dificuldades serão certas…

Desde logo porque os perfis de quem deva operacionalizar (com maior foco na eficiência e rapidez e menor no “questionar”) e de quem deva “pensar para além daquele concreto desembaraço aduaneiro” são necessariamente diferentes.

E é difícil (ainda que não impossível, mas raro…) que uma mesma pessoa tenha “despertos, treinados e funcionais” os dois perfis e que se sinta “peixe na água” em qualquer um deles.

Mas, também, porque o tempo é escasso e facilmente se sucedem dias, semanas e meses com a “lista de temas par abordar quando houver tempo e condições” a aumentar,

Com a natural consequência de sensação de impotência, perante os processos e procedimentos que se repetem, ainda que já com a consciência e clarividência de que poderão não ser os mais adequados, os que façam mais sentido ou, até, os “melhores”.

A certeza, porém, de que os operadores económicos – e outros intervenientes em comércio internacional – que tenham já identificado o sentido e valor de poderem contar com profissionais que detenham esse “ADN de consultor” estarão sempre “um passo à frente” porque, no mínimo, terão condições de identificar o que há a melhorar, alterar ou implementar.

E, depois, “fazer um caminho conjunto” na identificação dos recursos, perfis e competências necessárias para mitigar o risco de permanência no modo “tático” até que haja tempo ou condições, porque nada pior do que saber que se pode e deve fazer melhor e se verem os dias, meses e anos a passar com o “dia a dia que se repete” a dominar…

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